Tradução e Adaptação: Halsey Brasil
Matéria: Rolling Stone
Halsey lê os comentários, todos eles. Ela sabe o que cada criança aleatória na internet pensa dela, e apesar de poder parecer insensato, julgando pela carga psíquica, é difícil culpa-la: A cantora e compositora alternativa-pop de 21 anos nascida em Jersey conquistou uma base de fãs online baseada no seu carisma, muito antes dela conseguir um contrato com uma gravadora. Mas nos seis meses desde o lançamento do seu álbum de estreia que recebeu o certificado de ouro, Badlands, e do seu divisório single “New Americana”, ela se tornou uma estrela em ascensão à moda antiga, com um show esgotado no Madison Square Garden. “Eu tenho que lembrar que para cada pessoa dizendo algo horrível, há alguém dizendo algo ótimo,” disse Halsey, que não pode nem lamentar a morte de David Bowie no Twitter sem acusações dos haters de que ela estava fingindo. “Porque eu tenho essa turnê incrível que está esgotada.”
Alguns artistas têm sentimentos mistos sobre as suas primeiras canções de sucesso. É esse o caso com você e “New Americana”?
É uma música legal. Eu amo cantar ela ao vivo. Mas ela não teria ido para o álbum se eu pudesse escolher. Ela se tornou esse hino cultural que não era para ser, e tudo ficou totalmente fora de proporção. As pessoas meio que diriam que eu sou a voz de uma geração, e eu estou atrás deles, desenhando uma linha ao redor do meu pescoço, dizendo “Eh-eh, eh-eh, não, não, isso não é o que eu estou tentando dizer aqui.” Eu quase acho que o fato de que tantas pessoas odiaram tanto a música é grande parte do motivo do seu sucesso, porque fez com que as pessoas falassem sobre.O que você está fazendo, com um dueto com Justin Bieber no seu novo álbum?
Você ouve, “Oh, Justin nunca colocaria uma sem-nome como a Halsey no seu álbum. Scooter [empresário de Bieber] deve estar representando ela,” o que não era o caso! Mas eles me chamaram, e, música pop é muito fascinante para mim. Eu também aprendi o quão rápido eu posso ir do fato de que eu nunca conheci uma pessoa para o mundo todo achando que eu estou namorando ela. Minha mãe me mandou uma mensagem, “Você está namorando o Justin Bieber?” E eu fiquei tipo, “Mãe, o que você está falando? Você não acha que eu te falaria?” Mas quando nós nos apresentamos no Today Show, foi tão real, tão emotivo, tão evocativo – duas pessoas se conectando nessa música de amor. Houve um momento que eu achei que eu e ele estávamos meio que, “Nós estamos… nós estamos.. isso é real?”Você é uma grande fã de rock, então porque quase não há guitarra no seu álbum?
Cada música do Badlands, eu compus em uma guitarra, e definitivamente haverão mais guitarras no meu próximo álbum. Uma guitarra pode ser tão humana, tão triste, tão irritada e eu queria descobrir como ter essa vibe sem necessariamente ter que usar guitarras, porque Badlands é um álbum muito futurístico – e fazer isso em uma era de músicas futuristas é muito difícil! Há algo muito “à moda antiga” para mim. Esse provavelmente é um termo ruim de se usar. Eu digo mais “nostálgico”, e isso é porque na minha adolescência eu ouvia músicas do tipo que tinham muita guitarra. Música é um ciclo – guitarras irão voltar, e a sensação será muito nova.Você acha que as linhas entre gêneros estão mais permeáveis agora?
Gênero em 2016 é absolutamente papo furado. Metade das músicas de hip-hop nas rádios são pop em sua essência, e metade das músicas em rádios alternativas são pop. E rádios pop nem sabem mais o que eles estão fazendo. Eu acabei mandando o meu caso para programas alternativos – você está me dizendo que a minha música é muito dark para o pop, muito pop para a alternativa, e a rádio urbana não vai tocar nela – então nós temos um álbum que não se encaixa. E o que é mais alternativo do que isso?O que você tem em mente para a sua primeira turnê em arenas?
Eu acabei de sair em turnê com o The Weeknd, e ele usava muito fogo. Eu ficava tipo, “Ohh, eu preciso disso!” Mas eu quero construir um show que será uma experiência grande e cinematográfica, sem ter que me esconder atrás de elementos de produção como um escudo, sem usar essas coisas para acobertar minha preguiça. Você pode fazer tudo isso e ainda ser capaz de fazer uma performance incrível.Você é biracial, bissexual e tem transtorno bipolar – mas te deixa louca que as pessoas acham que você se auto-nomeou “tri-bi”, certo?
Eu odeio isso pra caralh*, a ideia de que algo assim poderia ser banalizado em uma hashtag. Eu digo, há muita bifobia – as pessoas se recusam a aceitar bissexualidade como uma verdadeira sexualidade. E eu sou biracial, mas também branca, o que é uma perspectiva única. Então essas pessoas dizem coisas do tipo, “Oh, a Halsey tri-bi! Ela nunca vai perder uma oportunidade de falar sobre isso!” Eu quero sentar com elas, como uma mãe, e dizer, “Seis meses atrás você estava implorando por um artista que falasse sobre isso! Aí eu falo, e você diz, ‘Oh, ela não. Outra pessoa.'”